Os eventos que levaram ao grito de Independência são bastante explorados e conhecidos, mas os desdobramentos no processo de Independência, após essa data, costumam ficar obscurecidos.

Apesar de diminuta quando comparada às guerras de Independência da América espanhola e Norte-americana, batalhas pela Independência Brasileira ocorreram desde antes do 7 de Setembro. Um desses primeiros confrontos entre patriotas e tropas portuguesas (que estavam alocadas no Brasil) ocorreu em 17 de Fevereiro de 1822, na Bahia, iniciando embates que duraram por anos.

Em Agosto do mesmo ano, Dom Pedro rompe definitivamente com os militares portugueses, declarando guerra aos que ainda permaneciam no Brasil e afirmando que tropas, vindas da metrópole, seriam consideradas inimigas.

O empurrão final para a Independência ocorreu após a chegada de notícias das decisões das cortes de Lisboa. De acordo com o historiador Paulo Rezzuti, no dia 7 de Setembro, Dom Pedro foi comunicado: “do desembarque de tropas na Bahia e da chegada prevista de mais reforços portugueses, que fariam do local uma ponta de lança para varrerem do restante das províncias brasileiras quem se posicionasse com o príncipe pela unidade do Brasil”.

No início do conflito baiano, a facção lusa tinha vantagem, mas as forças brasileiras, tanto em terra como em mar, mudaram o curso da guerra. Uma das heroínas desse período é Maria Quitéria, mulher que se alistou vestida de homem para lutar.

Tão grande era a bravura de Maria Quitéria que, mesmo após sendo descoberta como mulher, foi permitido a ela que continuasse servindo o exército. Após o término da Guerra, foi condecorada pessoalmente por Dom Pedro I com a Imperial Ordem do Cruzeiro do Sul.

Guerras também ocorreram nas províncias da Cisplatina (atual Uruguai), Pará, Maranhão e Piauí. Nesse período, a fragmentação do território nacional tornava a comunicação entre províncias afastadas, difícil. Algumas províncias ao Norte tinham maior facilidade de comunicação com a própria Portugal que com o Rio de Janeiro. Essa era uma das brechas que Portugal pretendia explorar, buscando mesmo, que não recuperasse todo o território, ainda manter possessões do “novo mundo”.

Mas em todas essas províncias existiam os que queriam fazer parte do Império Brasileiro. No Piauí, por exemplo, ocorreu a sangrenta Batalha do Jenipapo. Os combatentes brasileiros foram derrotados naquele 13 de março de 1823. Mas uma vitória a longo prazo foi obtida, já que os brasileiros roubaram boa parte dos suprimentos bélicos portugueses, incluindo bagagens, armamentos, munição e dinheiro.

Em 4 de Maio de 1823, a esquadra brasileira, liderada pelo contratado Almirante Inglês Thomas Cochrane, mesmo em desvantagem numérica, consegue estabelecer um bloqueio no porto de Salvador. Isso prejudica o General Madeira-Melo, governador de armas da província e principal liderança Portuguesa na região. Sem conseguir sustentar um cerco por muito tempo, as forças portuguesas realizaram uma retirada final em 2 de Julho de 1823. Como diz Boris Fausto, no livro História do Brasil “Esta data é considerada por muitos baianos pelo menos tão significativa como o 7 de Setembro de 1822 para marcar a independência do Brasil”.

As tratativas diplomáticas alongaram-se mais que a Guerra, com um Tratado de Paz sendo finalizado entre o Império do Brasil e o Reino de Portugal, no dia 29 de Agosto de 1825. O Tratado fora publicado no Rio de Janeiro em 7 de Setembro de 1825, 3 anos depois do grito no Ipiranga. Uma independência conquistado com o suor, sangue e sonhos de uma brava gente brasileira.

  • REZZUTTI, Paulo. D. Pedro – A História não Contada. 1º Edição. Leya, 2015.
  • FAUSTO, Boris. História do Brasil. 12º Edição, Edusp, 2002.
  • ARAÚJO, Johny Santana de. O PIAUÍ NO PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA: contribuição para construção do império em 1823. CLIO: Revista de Pesquisa Histórica, Pernambuco, v. 33, n. 2p, Jul-Dez de 2015.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *