Meus muito caros Brasileiros,

Com profunda consternação, venho acompanhando o desenrolar, em todo o mundo, e sobretudo em nosso País, da pandemia causada pelo vírus COVID-19, comumente chamado de novo coronavírus. E considero ser meu dever, como Chefe da Casa Imperial do Brasil, dirigir a meus compatrícios, com os olhos voltados para Deus, palavras de fé, esperança e caridade.

Primeiramente, saúdo os esforços das Autoridades Constituídas no sentido de conter o avanço do número de contágios. Louvo de modo especial a dedicação incansável da comunidade médica e científica brasileira, bem como a dos enfermeiros que, com não pequeno risco das próprias vidas, vêm se empenhando no combate e no tratamento da moléstia; o trabalho desses profissionais é digno de toda a nossa admiração e reconhecimento.

O momento exige atenção e cautela, bem como serenidade e responsabilidade, não havendo lugar para pânico ou histeria. Por isso, peço a todos que sigam as orientações do Ministério da Saúde e das demais autoridades competentes; a adoção de tais medidas – muitas vezes atitudes simples, como lavar as mãos e manter os ambientes limpos e arejados – é fundamental para que possamos conter a propagação desse mal.

Minha própria Família foi alcançada pela enfermidade, por ocasião do noivado de um de meus sobrinhos. Meus irmãos, os Príncipes Dom Pedro de Alcantara, Dom Francisco e Dom Alberto, e minhas cunhadas, as Princesas Dona Maria de Fátima e Dona Maritza, estão se recuperando, e me alegro em dizer que o Príncipe Dom Antonio – que precisou ser hospitalizado – caminha para o pleno restabelecimento de sua saúde, pela graça de Deus Nosso Senhor e da Santíssima Virgem. Muitos têm rogado também a intercessão de nossa veneranda bisavó, a Princesa Dona Isabel.

No entanto, neste período de quarentena e isolamento social, penso de modo particular nos médios e pequenos empresários, nos profissionais liberais, nos autônomos e suas famílias, que serão duramente atingidos pela crise econômica que poderá se seguir à pandemia. Muito me conforta a certeza de que aquilo o que este País tem de melhor é a sua gente generosa, laboriosa e inovadora, e que saberemos superar mais esta crise, fazendo uso dos recursos – a bem dizer inesgotáveis – com os quais nos dotou a Divina Providência.

Também não poderia deixar de dizer que, como católico, para mim tem sido outra fonte de angústia ver as portas das Igrejas do Deus único e verdadeiro fechadas e tantos privados dos Sacramentos da Confissão e da Sagrada Comunhão e, mais grave ainda, saber que muitos estão falecendo sem a Unção dos Enfermos. Apelo, pois, aos membros do Clero para – neste momento em que, com razão, tantos se preocupam com a saúde do corpo – não deixar de cuidar da saúde das almas e da salvação eterna de nossos irmãos, como tantos Santos nos deram o exemplo por ocasião das pestes que assolaram as nações no passado. Faço a todos um convite à oração e à penitência, inspirados na Fé que moveu os Santos, animou os mártires e ergueu a Civilização Cristã.

Finalmente, dirigindo-me agora aos sempre leais monarquistas, oriento que sejam adiados Encontros Monárquicos e eventos correlatos, a fim de evitar aglomerações. Por essa razão, conforme anteriormente comunicado, determinei a suspensão temporária de todos os compromissos de representação da Família Imperial.

Como monarquistas, que se distinguem pelo amor acendrado à Pátria, devemos dar o exemplo a todos os demais brasileiros, buscando o bem comum e agindo com solidariedade, cuidando uns dos outros, com especial atenção aos idosos e aos mais necessitados.Que Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, leve consolo às famílias enlutadas, alento aos enfermos e abençoe e proteja esta Terra de Santa Cruz, a Ela consagrada por meu tetravô, o Imperador Dom Pedro I, por ocasião da proclamação de sua Independência.

São Paulo, 1º de abril de 2020

Dom Luiz de Orleans e Bragança
Chefe da Casa Imperial do Brasil